A rotina é uma das companheiras mais constantes de nossa caminhada: com ela convivemos e dela nos alimentamos.
Rotina é a ladainha das palavras repetidas, dos gestos refeitos, dos caminhos repercorridos, das tarefas reexecutadas, das canções recantadas, das páginas relidas...
Incansavelmente, vamos ao poço de Jacó: descemos o balde, puxamos o balde, voltamos para casa, retornamos ao poço e regressamos para casa...
Quantas vezes por dia, quantos dias por ano? Grande número de mulheres nordestinas poderia dizer-nos o quanto cansam essas idas e voltas em busca de água...
Mas é só substituirmos o poço de Jacó por nosso emprego, por nossas tarefas e compromissos repetitivos, que, também nós, logo acabaremos deparando com a bem conhecida rotina.
Sentimo-nos eternos samaritanos e samaritanas, ficamos com a impressão de girar no vazio e mergulhamos em depressão ao pensar que amanhã será a mesma coisa...
Poderia, porém, não ser a mesma coisa se nós, ainda que na mais chata rotina da vida, tivéssemos a capacidade de detectar a presença de Alguém querendo se manifestar em nós, tentando conversar conosco, caminhar conosco, viver, trabalhar, sofrer e amar conosco...
Bom é aprendermos a decifrar os símbolos, a valorizar os lugares onde pisamos, a ler os acontecimentos e os sinais dos tempos, a prestar atenção às pessoas que convivem conosco ou que encontramos por acaso.
Qualquer lugar poderia ser para nós o poço de Jacó, quaisquer pessoas ou acontecimentos poderiam trazer-nos à presença de Jesus.
De modo que ele nos revele as verdades que precisamos saber e deixemos de andar na vida sem eira nem beira...
Por isso, bom-dia a todas as rotinas do mundo, que, apesar de sua chatice sem fim, podem nos proporcionar o encontro com o Deus da novidade e da vida!
Virgílio Ciaccio
Inspirado em Jo 4,5-42
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