sábado, 3 de janeiro de 2009
MEIO SÉCULO DE FELIZ_CIDADE - Sylvestre M. Egreja
>Homenagem póstuma ao querido amigo Sylvestre Mario Egreja
O dia 1º de dezembro de 1958 amanheceu quente e ensolarado em Mogi Mirim. Já se sentia nas ruas, nas casas, nas praças o clima natalino que congrega as pessoas e as fazem mais solidárias e amigas. Naquele distante dia, cheguei eu a esta sacrossanta terra, sem saber que aqui passaria e viveria anos inesquecíveis de minha vida.
A idéia primeira que aqui me trouxe era permanecer durante um ano na cidade, enquanto se processavam as instalações da então Champion Celulose em Mogi Guaçu.
Engenheiro recém formado e funcionário da empreiteira responsável por aquela obra optei por residir em Mogi Mirim, deixando Mogi Guaçu como segunda opção, pois me pareceu, numa rápida passagem pelas ruas das duas cidades, ser Mogi Mirim mais simpática, sem saber que ela já ostentava com todo o direito o título de Cidade Simpatia.
O ano de 1959 passou rapidamente. Nesse período algumas pessoas, de saudosa memória, se tornaram meus primeiros amigos.
Dos que já partiram citaria Sergio Zorzetto, Irineu “Barbeiro”, Zeca Salvato, Heney Padovani, Oscar Faria, Dr. Florentino, Mauro Moretti, Santinho Coppo, Laio “Alfaiate”, Arthur de Azevedo, Carlos Taraschi, Toninho Jannuzzi e outros.
Conheci também, na ocasião alguns amigos que ainda hoje, felizmente os vejo com regularidade e os cumprimento com afeto: Nino Maracanã, João Scudeler, José Cruz, José Fernandes, Charlô Zaniboni e outros mais.
Terminado os trabalhos de montagem da grande empresa de celulose fui pelos diretores americanos convidado a permanecer na companhia. Aceitei de imediato fazendo apenas uma exigência: fixaria residência em Mogi Mirim. E assim foi feito.
Trabalhando em Mogi Guaçu não tinha o tão necessário contato com a população de Mogi Mirim. A grande oportunidade surgiu quando de um campeonato noturno de futebol de campo no Grêmio Mogimiriano. Atuei na equipe ARSENAL que foi campeão invicto do torneio com extrema facilidade, já que possuía um grupo de alta qualidade do esporte-rei: Amilcar Malvezzi, Odair Garcia, Boca e Palandi, Waldir e Wladirmir Brunialti, Sylvestre, Pedro Dal Rio, Aram e Tupãzinho. Um timaço.
Os dias, os meses, os anos voavam. E foram chegando os filhos mogimirianos
E minha admiração por Mogi Mirim só ia aumentando, enraizando e florescendo como uma árvore frondosa, o que tornou irreversível minha permanência por aqui.
Dos 76 anos por mim já vividos, com as graças de Deus, 26 foram em onze cidades diferentes. Só aqui vivi o dobro dos anos vividos nas outras. Evidente que houve razões de sobra para isso, mesmo após minha aposentadoria na Champion, após 28 anos de trabalho não competente é verdade, mas honesto e dedicado. Talvez, pela honestidade e dedicação tenha sido homenageado na minha despedida com o título de Gerente Símbolo da Companhia, eternamente registrado nas páginas do livro “Champion – A colheita dos melhores frutos”, que descreve os 40 primeiros anos da Champion no Brasil.
Terminada minha vida de papeleiro, dediquei-me a algumas atividades sociais e filantrópicas, que não pude exercer anteriormente. Com satisfação fui por dez anos presidente da Vila Vicentina e, por igual período membro do Conselho Municipal de Assistência Social. Participei também do Conselho de Segurança e exerci a presidência dos Moradores da Chácara Ypê, desde sua fundação até ao encerramento das suas atividades.
Infelizmente problemas de saúde me obrigaram a me afastar de todas elas. Reconheço e me penitencio por ter feito tão pouco por Mogi Mirim. Afinal ela fez tanto por mim! (grifo é meu-SHB).
Mas aí estão meus filhos e netos, para fazer o que não me foi possível realizar.
Guardo comigo outra tremenda frustração – nesses 50 anos fiz poucos amigos na cidade, pois sempre fui de temperamento caseiro, jamais me envolvendo em temas polêmicos ou políticos. Numa hipotética aventura eleitoral em busca de uma cadeira na vereança local não conseguiria nem cem votos.
Mas, por outro lado tenho um imenso orgulho de dizer que durante estas cinco décadas não fiz aqui um só inimigo, pois sempre procurei agir com honra e dignidade. E peço a Deus que assim continue até o último dia de minha vida, e que esta inexorável passagem ocorra nesta terra que tão bem me acolheu, pois me considero desde há muito, um mogimiriano de coração (o grifo é meu-SHB).
Aqui não nasci, mas aqui fui feliz e aqui pretendo descansar eternamente.
E quando esse dia chegar e quando tudo que é já não for mais, conduz-me ao porto, Senhor!
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