Não se ouve o que o outro fala: ouve-se o que ele não está dizendo.
Não se ouve o que o outro fala: ouve-se o que se quer ouvir.
Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que já escutara antes e o que se acostumou a ouvir.
Não se ouve o que o outro fala. Ouve-se o que se imagina que o outro ia falar.
Ouve-se o que se gostaria que o outro dissesse. Não se ouve o que o outro fala.
Ouve-se apenas o que se está sentindo. Não se ouve o que o outro fala.
Ouve-se o que já se pensava a respeito daquilo que o outro está falando. Não se ouve o que o outro está falando. Retira-se da fala dele apenas as partes que tenham a ver consigo. Não se ouve o que o outro fala.
Ouve-se o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Ou seja, transforma-se o que o outro está falando em objeto de concordância ou discordância. Não se ouve o que o outro está falando.
Ouve-se o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já sentia por quem está a falar. Não se ouve o que o outro fala.
Ouve-se da fala dele apenas os pontos que possam fazer sentido para as idéias e pontos de vista que no momento nos estejam influenciando ou tocando mais diretamente.
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