sábado, 5 de julho de 2008

O Nó do Afeto.


Em uma reunião de pais numa escola da periferia, a diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos;

pedia-lhes também que se fizessem

presentes o máximo de tempo possível...

Ela entendia que, embora a maioria

dos pais e mães daquela comunidade

trabalhassem fora, deveriam achar um

tempinho para se dedicar e entender as crianças.


Mas a diretora ficou muito surpresa

quando um pai se levantou e explicou,

com seu jeito humilde,

que ele não tinha tempo de falar com o filho,

nem de vê-lo, durante a semana,

porque quando ele saía para trabalhar era

muito cedo e o filho ainda estava dormindo...

Quando voltava do serviço já era muito tarde

e o garoto não estava mais acordado.


Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim

para prover o sustento da família,

mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa.

E, para que o filho soubesse da sua presença,

ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria.

Isso acontecia religiosamente todas as noites

quando ia beijá-lo.

Quando o filho acordava e via o nó,

sabia, através dele, que o pai tinha

estado ali e o havia beijado.

O nó era o meio de comunicação entre eles.

A diretora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.

O fato nos faz refletir

sobre as muitas maneiras das pessoas

se fazerem presentes,

de se comunicarem com os outros.


Aquele pai encontrou a sua,

que era simples mas eficiente.

E o mais importante é que o filho percebia,

através do nó afetivo,

o que o pai estava lhe dizendo.


Por vezes,

nos importamos tanto com a forma de dizer

as coisas e esquecemos o principal,

que é a comunicação através do sentimento.

Simples gestos como um beijo

e um nó na ponta do lençol,

valiam, para aquele filho,

muito mais do que presentes

ou desculpas vazias.

É válido que nos preocupemos com as pessoas,

mas é importante que elas

saibam, que elas sintam isso.


Para que haja a comunicação

é preciso que as pessoas

'ouçam' a linguagem do nosso coração,

pois, em matéria de afeto,

os sentimentos

sempre falam mais alto que as palavras.


É por essa razão que um beijo,

revestido do mais puro afeto,

cura a dor de cabeça,

o arranhão no joelho,

o medo do escuro.


As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras,

mas sabem registrar um gesto de amor.


Mesmo que esse gesto seja apenas um nó.

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